dessas danças eram rituais ou guerreiras, levando os dançarinos para os sítios de reunião a única arma que lhe era permitido arvorar nessas ocasiões, uma espécie de acha d'armas que segundo Zacarias Wagener, chamava-se "Canodgen". Nas danças homens, mulheres, velhos e crianças, agitavam-se excitados por libações de aguardente de cana, que de primeiro denominavam garapa (conta-nos Zacarias) e depois cachaça. No fim do dia estavam quase inconscientes "a ponto de muitas vezes não se reconhecerem tão surdos e ébrios ficam", diz o informante. Os senhores razoavelmente os consideravam estúpidos e obstinados, narrando Zacarias que vira, "muitos deles serem castigados suspensos pelos pulsos a um poste, os corpos nus terrivelmente açoitados por chibatas, sem pedir misericórdia, nem prometer emendar-se, os dentes trincados deixando que lhes lacerassem á vontade os dorsos negros". Por aí vemos também o quanto era pesado o fardo de um senhor de engenho, obrigado a lidar com escravos cheios de ódio, prestes a se vingarem se lhes deparasse a oportunidade. Escreve a respeito Zacarias, "O seu modo de vida é comparavel ao dos tapuias (que era o gentio mais bárbaro de pernambuco), não se importam com o futuro e cuidam somente em encher bem as panças aqui na terra. Crêm contudo numa vida melhor no outro mundo, porquanto quando vão sepultar alguns dos seus parceiros fazem-n'o com estranhos e ridículos clamores,