Pernambuco e as capitanias do Norte (1530-1630) – Volume IV

sentam-se em redor da cova e perguntam ao morto, cantando em côro: Hey, hey, hey, por que morreste? Hey, hey, hey, faltou-te pão, faltou-te farinha, fumo ou cachimbos? Depois dessas várias perguntas inúteis, atiram para dentro da cova pedaços de fumo e toda casta de raises, a fim de que o defunto possa continuar a gozá-los na outra vida, e voltam do enterro dançando e cantando".

Em matéria de religião os negros de princípio mostravam-se relutantes ao cristianismo. Alguns de origem maometana, eram por completo inassimiláveis. Talvez o fossem em parte, pelo motivo que hoje na África progride o Islã além da região moura até nos confins da Togolândia. Impressiona muito mais ao primitivo africano, amador de danças, negras e cachaça, as promessas de encontrar depois da morte as huris do Nirvana, do que se entreter com os bem-aventurados do paraíso católico. Apesar deste enorme obstáculo, aos poucos intervinha na escravaria o cristianismo, com a sua elevação e seus mistérios, insensivelmente sorvidos no meio da sociedade branca. Tinham os pretos em Olinda uma irmandade e igreja, a do Rosário, igual a dos mulatos em N. S. de Guadelupe, e continuavam nos quilombos onde se refugiavam, a reproduzir a liturgia católica, com os seus sacerdotes e cerimônias, numa grosseira mas significativa recordação da antiga permanência nas senzalas.

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