Pernambuco e as capitanias do Norte (1530-1630) – Volume IV

duros a serem ocupadas nesta desagradavel mercância".

Os senhores portugueses facilitavam sob pressão religiosa, e pelo exemplo dos grandes da governança, que os escravos comprassem a sua alforria. Em 1594 declarou perante o Santo Ofício, António da Conceição, "criolo nascido na cidade do Porto, filho de indio (da Índia do oriente) e de negra da Guiné, escravo dos herdeiros de Bento Dias Santiago com os quais tem já contratado que dando elle noventa mil rês por si fique forro e livre e anda ajuntando o ditto dinheiro para se forrar... residente no engenho da Moribara dos ditos herdeiros de Bento Dias na freguesia de Sam Lourenço". O caso não era raro e representava uma das maiores vitórias dos missionários em benefício dos escravos.

Na residência das classes abastadas, eram requeridos negros da Guiné, por serem mais civilizados, limpos, e conhecedores de trabalhos caseiros. Para outros misteres serviam os angolas, robustos e bastante tranquilos, em contraste com os da costa setentrional. Os ardras segundo Barleus, eram preguiçosos, teimosos e estúpidos, assim como os de Calabar. Os da Serra Leoa e Cabo Verde aproximavam-se dos da Guiné, "mais polidos, mostrando algum gosto para a elegância e para os enfeites, principalmente as mulheres". Os de Congo e Sonho, vizinhos dos angolares, davam bom serviço na pesada

Pernambuco e as capitanias do Norte (1530-1630) – Volume IV  - Página 297 - Thumb Visualização
Formato
Texto