Pernambuco e as capitanias do Norte (1530-1630) – Volume IV

liberdade, derrubar para todo sempre, aquelas instituições perdidas pela ambição dos civilizados.

Alguns jovens brasileiros, dentro do espírito da época, pertencentes por inclinação ou necessidade à classe intelectual, como sucedia aos que abraçavam o sacerdócio, cursavam escolas europeias e viviam na metrópole, também reproduziam este modo de pensar. Escrevia Sousa Caldas em 1784, aos vinte e um anos de idade, sob influência do discurso de Rousseau sobre a origem da desigualdade dos homens (que, por sua vez, impressionara-se pelas narrativas de viajantes e missionários em terras exóticas), a seguinte ode ao selvagem:

"Ó homem, que fizeste? tudo brada:

Tua antiga grandeza

De todo se eclipsou: a paz dourada,

A liberdade com ferros se vê preza,

E a palida tristeza

Em teu rosto esparzida desfigura

Do Deus que te criou, a imagem pura.

(...)

Ó Razão, onde habitas?... na morada

Do crime furiosa,

Polida mas cruel, paramentada,

Com as roupas do Vicio; ou na ditosa

Cabana virtuosa

Do selvagem grosseiro?... Dize... aonde?

Eu te chamo, ó philosopho! responde.

(...)

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