liberdade, derrubar para todo sempre, aquelas instituições perdidas pela ambição dos civilizados.
Alguns jovens brasileiros, dentro do espírito da época, pertencentes por inclinação ou necessidade à classe intelectual, como sucedia aos que abraçavam o sacerdócio, cursavam escolas europeias e viviam na metrópole, também reproduziam este modo de pensar. Escrevia Sousa Caldas em 1784, aos vinte e um anos de idade, sob influência do discurso de Rousseau sobre a origem da desigualdade dos homens (que, por sua vez, impressionara-se pelas narrativas de viajantes e missionários em terras exóticas), a seguinte ode ao selvagem:
"Ó homem, que fizeste? tudo brada:
Tua antiga grandeza
De todo se eclipsou: a paz dourada,
A liberdade com ferros se vê preza,
E a palida tristeza
Em teu rosto esparzida desfigura
Do Deus que te criou, a imagem pura.
(...)
Ó Razão, onde habitas?... na morada
Do crime furiosa,
Polida mas cruel, paramentada,
Com as roupas do Vicio; ou na ditosa
Cabana virtuosa
Do selvagem grosseiro?... Dize... aonde?
Eu te chamo, ó philosopho! responde.
(...)