Ao vocábulo tapirapé kaém, madrugada, corresponde "Coê" em Montoya (2 II 96v), "Coéma" no Dicionário Brasiliano (225) e em Stradelli (420), "Coamutu" no Vocabulário na Língua Brasílica (283).
As palavras kanók e kaém eram usadas, ademais, para localizar o este e o oeste.
Os tapirapé designavam o meio-dia, dizendo achavuapít. Montoya (2 I 365) e o Dicionário Brasiliano (167) dizem "Açayê", o Vocabulário na Língua Brasílica (292) "Açajê". Stradelli (627) dá "Pytera - Meio, centro".
Em geral, porém, o tempo do dia era marcado, em Tampiitaua, estendendo-se a mão em direção da posição que o sol tinha ocupado, ocupava ou ia ocupar no momento a ser determinado. Vi os carajá proceder da mesma maneira (cf., também, Krause 2 339).
Segundo os meus informantes tapirapé, "hoje" é yn; "amanhã" é ancheivé; "ontem" é designado pelo número anchepé: um, e "anteontem" por mokóimi: dois. Montoya (2 1392) dá "Âng" para "hoje" ("Oy, todo el dia no passado, Âng ára"). Ouvi os carajá dizer, em português: "dormir dois", para designar "depois de amanhã".
Entre os tapirapé, a exata e numérica indicação do tempo de um acontecimento passado irá, raramente, além de mokóimi, "anteontem", pois, em geral, não contam até mapýt: três, preferindo dizer: vuaitäpe, "muito" (em quantidade), ou: mo (mu), "longe" (designando essa palavra grande distância tanto no tempo como no espaço e estando aparentada, talvez, com "Mômbiri",(*) Nota do Revisor "lexos", de Montoya (2 II 225). Semelhante inexatidão encontramos em referências ao futuro, dizendo os tapirapé, frequentemente, ancheivé, "amanhã", ao pensarem num tempo depois do dia seguinte.