Tapirapé - tribo tupi no Brasil Central

nos sovacos provocados pela coçadura e nos jarretes pela fricção das joelheiras (tamankurá). A dermatose manifestou-se em mim quando fazia três semanas que eu estava em Tampiitaua. Desapareceu quase ao mesmo tempo em que cessou na maior parte dos habitantes da aldeia. Durante um a dois dias ficaram-me na pele minúsculas cicatrizes escuras.

Quando, em 1947, voltei a Tampiitaua em companhia do dr. Haroldo Cândido de Oliveira, este médico não encontrou nada mais da referida doença para o lado da pele dos tapirapé. Alguns deles, interrogados a respeito, nem pareciam lembrar-se dela. Digno de nota é o fato de que, então, não vimos tampouco as baratas que, 12 anos antes, tinham sido imensa praga em todas as casas.

O que, porém, não tinha desaparecido era a verminose. O dr. Oliveira verificou quatro casos em homens e quatro em mulheres, mas observa a respeito: "O diagnóstico nada tem de preciso, e baseia-se exclusivamente em sinais indiretos, como no volume excessivo do ventre, anemia, sinais de irritação cólica, etc." Quanto a mim, peguei, durante a minha primeira visita a Tampiitaua, ancilóstomo e outros vermes intestinais. A medida em que os tapirapé reconhecem a importância do verme como causador de doenças evidencia-se pelo papel a ele atribuído na etiologia mítica, isto é, o do verme (ävaí) como projétil atirado pelo dedão do panché mau (cf. cap. XIII).

Nunca peguei malária, apesar de ter dado a inúmeros anófeles oportunidade de me picar. Embora o tempo que, em 1935, passei na aldeia, tenha sido sem chuva, estes transmissores da moléstia não acabaram e muitos habitantes sofreram desta febre intermitente que chamaram tangkova (tangkú: quente; Montoya 2 I 130: Calor: Hacú; Stradelli 306: Quente: Sacú; 209: Febre: Tacua). No segundo mês da nossa estada, também o rev. Kegel teve ataques diários apesar da profilaxia com quinina e uso de mosquiteiro.

Em 1947, o dr. Haroldo Cândido de Oliveira examinou pela palpação do ventre o baço de 59 habitantes de Tampiitaua e da mulher tapirapé que encontramos em Porto Velho. Verificou "altíssima endemicidade da malária". Teve este eminente malariologista do DNSP a bondade de me escrever a respeito o que segue:

"Note-se que os exames foram praticados em julho, isto é, em pleno período interepidêmico; num período epidêmico a situação seria, ainda, mais grave. Na classificação dos diversos graus da esplenomegalia adotou-se a classificação de Boyd. Levando-se em conta este dado, a população de Tampiitaua poderá ser assim distribuída por classes de idade:

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