Com esses dados poderemos obter três outros índices: o baço médio, o baço médio aumentado e o índice esplenométrico de Parrot.
O baço médio dá-nos uma ideia do grau da esplenomegalia existente:
Baço médio = aumento dos baços/pop. examinada = 106/60 = 1,76.
O baço médio aumentado (Ross) dá-nos a quota média de malária existente na comunidade, 'the average amount of illness caused by malaria in the community' (Rosa apud Barros Barreto: o. c., pág. 129).
Baço médio aumentado = aumento dos baços/nº de pessoas com baço aumentado = 106/39 = 2,7 (!)
É um valor altíssimo, pois em geral na interpretação desse índice obedece-se ao seguinte critério:
até 1 - baixa endemicidade
até 1,50 - média
até 1,90 - alta
2,7 indica, pois, zona hiperendêmica.
O índice esplenométrico de Parrot reflete de modo preciso o grau de insalubridade e permite medir com exatidão as variações das endemias. Obtém-se este índice multiplicando-se as cifras correspondentes ao índice esplênico e as correspondentes ao baço médio aumentado, dando-nos, assim, uma expressão dos dois em conjunto:
Índice esplenométrico de Parrot - IE X BMA = 65 X 2,7 = 175,5 - altíssimo!
Para alguns autores, a esplenomegalia não teria grande importância para o reconhecimento da malária, doença atual, presente, podendo apenas indicar ter havido contaminação malárica em épocas anteriores. Stephens e Christopher, no seu clássico livro Étude pratique du paludisme et des parasites du sang (trad. francesa de Sergent, Paris 1906, pág. 237), chegaram mesmo a estabelecer que depois dos dez anos o número de crianças com esplenomegalia ultrapassava consideravelmente o número de crianças parasitadas, princípio pouco rigoroso e extremamente variável nas zonas de alto índice endêmico (Genserico de Souza Pinto: Estudos sobre a Malária, Rio de Janeiro 1930, pág. 57). Os estudos de Schüffner, Gerlach, Kligler, Shapiro, Weitman, acima referidos, demonstram haver relação estreita entre a esplenomegalia e a malária atual. Darling, em estudos na Georgia, 'enaltecendo o valor do índice esplênico, como meio sensível e acurado de revelar a malária presente e recentemente contraída', evidenciou haver correlação entre o aumento do baço e o grau do índice plasmódico, a crescer com a esplenomegalia. Assim, em 126 indivíduos com baço palpável, 34% positivos para plasmódios; 29 com baço um dedo abaixo do rebordo, 55% positivos para plasmódios; 30 indivíduos com baço dois dedos abaixo do rebordo, 60% positivos para plasmódios; 23 indivíduos com baço a três dedos do rebordo, 69,5% positivos para plasmódios (apud Barros Barreto: o. c., pág. 130)".
Acrescenta o dr. Haroldo Cândido de Oliveira aos dados acima citados a seguinte nota: "Depois do impaludismo devem ser mencionadas como um dos fatores que concorrem para a inferiorização biológica dos tapirapé, as hérnias umbilicais, de que foram observados 11 casos, sendo sete entre homens e quatro entre as mulheres. Note-se que as hérnias parece que se estão tornando mais frequentes ultimamente, pois dos 11 casos observados, sete foram encontrados em menores de 15 anos, e só quatro nos maiores dessa idade".
O mesmo médico diagnosticou, ainda, a doença de Airuvitynga (24:52a), viúva de Urukumy, que encontramos prostrada na rede, tossindo