Thomas Ender, pintor austríaco na corte de D.João VI no Rio de Janeiro: um episódio da formação da classe dirigente brasileira,

Era a herança do imperialismo europeu num dos seus aspectos mais tirânicos, só aos poucos mitigado pelo exemplo dos Estados Unidos, às vezes interrompido por voltas periódicas ao caudilhismo de Rosas ou de Artigas. Permanece, inda assim, apesar de embrionário, vivo o princípio democrático na maior parte do continente, e no passado, no tempo do último monarca absoluto a reinar em Portugal e Brasil, faltava "clima" entre nós, no espírito da população propriamente brasileira, para guerras de conquista. Tornaram-se efêmeras aventuras ao norte e ao sul, assim como as tentativas de Carlota Joaquina sobre as regiões hispano-americanas. A mais clara consequência dos pruridos imperialistas dos Bourbons-Bragança do século 19, foi desenvolver no exterior oposições e semear virulentas desconfianças contra o regime monárquico, mais tarde exploradas contra nós nas questões platinas, se bem apresentasse. D. Pedro II salvadora influência americana, aparente nas suas nobres atitudes de monarca constitucional acima de tudo brasileiro(20). Nota do Autor

A notícia da presença do Príncipe Regente na Guanabara despertara intenso júbilo no coração dos paulistas. Descrevia Lacerda e Almeida, em período pouco anterior, a sua "fidelidade e respeitoso afeto ao Soberano". Saint-Hilaire que viajava no Brasil contemporaneamente a Ender apoia os dizeres do paulista, ao descrever como os moradores de regiões distantes dos grandes centros litorâneos se consideravam dependentes del-Rei "qu'il leur aurait rendu justice, s'il avait connu les vexations dont ils étaient trop souvent les victimes". Agora os Príncipes estavam perto, pertíssimo, tão próximos que o seu antigo prestígio se ia desvanecer. Na circunstância, concorriam para a mutação

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