rapidamente se organizou a viagem, com luxo de pertences que se verificaram até excessivos no correr da expedição. Antes, porém, teve Martius oportunidade de se avistar em Viena com o velho pintor Ferdinand Bauer, que ilustrara a expedição à Austrália de Mathew Flinders e escalara no Brasil. É possível, e mesmo provável, que em 1804 este artista desenhasse vistas do Rio de Janeiro, hoje ocultas com muitas outras em algum arquivo particular por falta de recursos para publicação. Não seria diverso o destino dos desenhos de Ender, Frick e muitos mais, que trabalharam para Mikan e Pohl, e foram abandonados por Metternich, submetido comme tout le monde, apesar de ministro onipotente a imperativos financeiros. Melhor sorte alcançou Martius graças à proteção do filho da Arquiduquesa que ele acompanhara ao Brasil, o Senhor D. Pedro II o Magnânimo, que por largo espaço despendeu anualmente quarenta contos de réis de seu "bolsinho" - elevada quantia para o tempo - a fim de que se não interrompesse a publicação da monumental Flora Brasileira do sábio bávaro(4). Nota do Autor
Levara consigo o Marquês de Marialva, Embaixador Especial em Viena, além das instruções concernentes ao casamento de D. Pedro, outras secretas para tentar a união do Herdeiro do trono da Áustria com a Infanta Isabel Maria, e a do irmão do Imperador Francisco com a Infanta Maria Teresa, ambas filhas de D. João e de D. Carlota Joaquina. Tais planos se tinham tornado admissíveis depois do terremoto revolucionário, guerras napoleônicas e casamento das outras Infantas com Príncipes espanhóis. O fracasso do consórcio com o Duque de Berry, aconselhava, porém, prudência nas ofertas de Princesas de minguadas posses e poucas esperanças. Na conjuntura, limitou-se a corte de Viena a admitir somente o pedido da mão da Arquiduquesa Leopoldina, ainda solteira, que representava problema