Fronteiras e fronteiros

As duas coroas, porém, não conseguem passar do regime especulativo para o terreno prático: a demarcação lindeira.

O que havia de verdadeiro na matéria era obra dos pioneiros de ambas origens.

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É com a independência dos povos sul-americanos, aos respectivos reis, que começa realmente a existência da fronteira e como resultado dela a dos fronteiros.

No extremo meridional é que têm lugar as lutas mais longas e mais violentas. A linha divisória que havia sido deslocada de Laguna para Colônia, no sentido norte-sul, estende-se pelo curso do rio Uruguai acima. Mais para diante fixa-se no arroio Chuí e seguindo pelo Jaguarão vai ter ao rio Pardo. Do rio Pardo volta novamente para as barrancas do Uruguai, conservando o ponto austral do Chuí. Assim se estabeleceram os lindes da República Oriental do Uruguai com o Brasil, que immortalizaram gerações de guerreiros e de estadistas. Aqueles 1.003,071 km pelos quais se estende a linha de limites, desde o Chuí ao Quaraí, de fato, foi riscada com sangue, balizada por feitos homéricos, pontilhada de sofreres sem conta. É a chamada fronteira viva, onde só os marcos de pedra estabelecem distinção, e mais do que os plintos os homens das duas raças que se defrontam sem se confundirem.

Mais para o Norte é a República Argentina, vizinha desde o Quaraí até o Iguaçu, num alongamento de 1.262,910 km. Com ela a chamada erroneamente Questão das Missões, quando se tratou de terras no distrito de Palmas — o contestado entre os Estados de Paraná e de Santa Catarina —: 25 mil quilômetros quadrados. Submetida a arbitramento foi decidida pelo laudo

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