Fronteiras e fronteiros

O Estado Independente do Acre foi, sem nenhum favor, enquanto teve existência, um país modelar e o povo acreano uma nação a fazer inveja.

E daí haver sido Plácido de Castro, na circunstância excepcional, a verdadeira incarnação do homem capaz, do herói que Thomas Carlyle estudou na sua derradeira conferência da série sobre os indivíduos — expressões da humanidade.

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Nenhum homem fadado à imortalidade gloriosa, é regra, deve ser estudado logo depois de seu desaparecimento objetivo. Não será compreendido. Aqueles que o conheceram dificilmente se capacitarão de sua preexcelência; seus comparsas não o reconhecerão envolto na túnica do heroísmo, cingida de louros a cabeça, já na postura de estátua.

O santo, o gênio e o herói só logram consagração depois, muito depois de se terem ido deste mundo, quando não subsiste lembrança deles como criaturas humanas, como próximos de nós, homens que tenhamos visto ou ouvido com os nossos olhos e ouvidos mortais. É mister, para que se os entenda, a distância no tempo, a larga perspectiva das centúrias.

Plácido de Castro, apesar de somente morto há três decadas, é uma exceção a essa regra. Ele viveu aureolado pela admiração dos contemporâneos, adorado pelas massas, e se mantém palpitante no entusiasmo dos que lhe conhecem os feitos legendários, lhe sabem a obra que construiu, que o dissecaram como homem e o avaliaram como elemento social, agente que foi do instinto racial, no alastramento do Brasil para o oeste.

O papel que ele representou como paradigma da nacionalidade outorgou-lhe direito a um tratamento à parte,

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