Fronteiras e fronteiros

Tudo faria crer, entretanto, que a sorte da ilha da Trindade e da ilha de Martim Vaz, que lhe fica vizinha, iria ser idêntica à das ilhas Malvinas, ocupadas pela mesma Inglaterra na manhã de 3 de janeiro de 1833 e até hoje conservadas nos mapas de suas possessões sob o nome de ilhas Falkland.

Ao Brasil, nesse caso, restaria o único recurso que ficou à Argentina: protestar. Protestar em todas as oportunidades, por todos os meios, mas apenas protestar.

Agravou a situação das ilhas brasileiras, aliás, a circunstância de estarem desabitadas no momento da ocupação, em janeiro de 1895, ao passo que as ilhas argentinas, em janeiro de 1833, ao chegar ao Puerto Deseado, na principal delas, a corveta inglesa "Clio", do Comodoro Onslow, havia ali um governo civil com jurisdição sobre todo o arquipélago e estava ancorado nas suas águas a corveta argentina "Sarandi".

Com a mesma tranquilidade que se deixou ficar - e permanece — nas ilhas Malvinas, a Inglaterra se poderia ter conservado nas ilhas da Trindade e de Martim Vaz. Daquelas fez a sua principal estação naval no Atlântico sul, dominado o estreito de Magalhães, a porta do Oceano Pacífico. Destas teria feito uma outra base destinada à vigilância da costa da América Meridional e do sul da África. Seria uma guarita armada em frente à capital do Brasil e à colônia do Cabo. Ponto estratégico ideal. Melhor do que qualquer outro.

Assim, entretanto, não ocorreu, isso, não há dúvida, deve o Brasil, em boa parte àquelas qualidades que Rodrigo Octavio apontou como traços dominantes da personalidade de Carlos de Carvalho: atividade, previsão, energia.

Ele soube da insólita ocupação, como toda gente, por uma notícia inserta no Financial News, de Londres, a 4 de junho de 1895, e transcrita no Rio News, jornal

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