os próprios; era, afinal, ceder uma boa parte da convicção que mantinha de ser o único dono e senhor da coisa que se pretendia usurpar.
É nessa ocasião que o governo português oferece-se como medianeiro na questão. A Grã-Bretanha era-lhe a aliada e o Brasil era-lhe o descendente. Ninguém, portanto, teria maior autoridade para intervir no caso. Ambos os litigantes, aliás, apressaram-se em aceitar os bons ofícios de Portugal, cujo representante no Rio de Janeiro, o Conselheiro Camelo Lampreia alongou-se a mais não ser possível para a solução honrosa do conflito.
Não há a menor dúvida, de resto, que o testemunho do governo de Lisboa, prestado ao governo de Londres, na nota de 20 de julho de 1896, influiu poderosamente para o reconhecimento dos direitos do Brasil sobre a ilha da Trindade. Nesse documento, oportuno e claro, lembrou a chancelaria portuguesa que a ilha fora descoberta por portugueses e que em 1782 o governo inglês havia reconhecido a soberania de Portugal sobre ela; e mais, que por ocasião da independência do Brasil a ilha passara à soberania do mesmo.
O fato é que a 3 de agosto desse mesmo ano de 1896, o encarregado dos negócios da Grã-Bretanha em Lisboa comunicava ao Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Luiz Soveral, em nota oficial, "que o Governo de Sua Majestade se acha inclinado a aderir à opinião que lhe foi manifestada, e por deferência a essa opinião, desistir das suas pretenções à posse da dita ilha".
No dia 5 essa notícia era comunicada ao governo brasileiro pelo Conselheiro Camelo Lampreia, então encarregado dos negócios de Portugal no Rio de Janeiro.
Somente a 21, porém, é que o representante da Inglaterra no Brasil, Arthur S. Reiks, participou que haviam sido expedidas ordens ao comandante do "Baracouta"