Fronteiras e fronteiros

Western and Telegraph. À vista do que pretendia uma outra companhia inglesa, a Telegraph Construction, fazer das ilhas do Cabo Verde por Ascenção a Montevidéu uma linha alternativa que poria o resto da América do Sul em contato com a Europa sem passar pelo Brasil. Para isso era necessário que servisse de amarração a desabitada ilha da Trindade...".

Tem-se, dessarte, que o Brasil, a acreditar no Marquês de Salisbury, pretendia exercer controle sobre os telegramas dos demais Estados da América do Sul para a Europa e vice-versa!

Quando se sabe, hoje, que nunca foi cogitado pelo governo brasileiro de apropriar-se, compulsoriamente ou não, dos cabos submarinos da Western Telegraph — ainda em serviço na atualidade — não é possível deixar de sorrir ante a intriga que se pretendeu fazer entre o Brasil, a Argentina e o Uruguai, os Estados da América a que se referiu o Marquês de Salisbury.

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A eloquente nota-protesto que Carlos de Carvalho, a 7 de janeiro de 1896, endereçou à Legação Britânica no Rio de Janeiro, refutando os argumentos do Marquês de Salisbury para justificar a ocupação da Trindade, qualificou essa ocupação de clandestina. De fato, a ocupação foi feita em janeiro de 1895 e só foi sabida em julho, e isso graças à indiscrição do Financial News, de Londres, e do Rio News, do Rio de Janeiro.

Verdade é que a 3 de fevereiro o cruzador "Baracouta", que tinha feito a ocupação, havia chegado a Montevidéu, exibindo às autoridades sanitárias uma carta de saúde expedida pelo Capitão dos Portos da Ilha da Trindade — A. M. Page — que por sinal era o próprio medico da belonave inglesa. O fato, porém, é que

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