atualidade, mais bem conhecidos. De 1499 aos meados do século XVII, aqueles silvícolas foram visitados por inúmeros viajantes e missionários de diferentes países, que deixaram de sua vida e dos seus costumes relatos extremamente fiéis. Vários desses cronistas mostram notável poder de observação e cuidadoso interesse pela verdade, circunstâncias só reconhecidas nas obras dos sábios modernos. Estamos, pois, em condições muito favoráveis em relação ao estudo dos tupinambás.
Nossas melhores fontes informativas, no que concerne às ideias religiosas dos tupinambás, encontram-se, sem nenhuma contradita, nos livros de Thevet, o qual, em 1550 e em 1554, fez duas viagens ao Brasil (a): Nota do Tradutor Esse "cosmógrafo", de considerável erudição, não era, entretanto, dotado de um espírito critico comparável ao de várias dos viajantes dele contemporâneos. Mas é justamente essa deficiência intelectual que torna excelentes as suas informações. A Thevet nada escapa e, como tudo lhe causa espanto, anota as mesmas particularidades, sem perceber as contradições ou absurdos das informações assim obtidas. A obra principal do referido frade, a Cosmografia Universal, é, infelizmente, devido à sua raridade, pouco conhecida. Desse modo, esforcei-me, no curso do presente estudo, em extrair de tal obra tudo o que a mesma continha de precioso na esperança de que semelhantes informações pudessem aproveitar aos que venham a consultá-la.
Examinando, por indicação de Mauss, os originais inéditos de Thevet, existentes na Biblioteca Nacional de Paris, tive a felicidade de encontrar a cópia de um livro manuscrito do referido cronista, que, até hoje, vem escapando à atenção dos eruditos. Esse