Ouro Preto, o homem e a época

INTRODUÇÃO

"Tentou salvar a Monarquia por impulso patriótico; e sobre os escombros do regime decaído, se destaca a dignidade integral de um homem, que faz jus à nossa homenagem, e ao respeito da história."

CLOVIS BEVILAQUA

Ouro Preto é figura das mais incompreendidas e injustiçadas de nossa história política. Já o demonstrou Agenor de Roure e o confirmo sem receio de incorrer em engano. E, como é de relevo incomum, dada a rijeza de sua fibra moral e a sua inteligente ação nos círculos parlamentares e administrativos do país, na segunda metade do Segundo Império, volta e meia ei-lo relembrado ou evocado, mas sempre sob as restrições dos julgamentos apaixonados ou da parcialidade de analistas pouco conhecedores da formação mental e da atuação desse homem realmente extraordinário, que soube imprimir fundo por onde passou, em constante e luminosa ascensão política pela Câmara, pelo Senado, pelos ministérios da Marinha e da Fazenda e pela presidência do Conselho - o cunho de sua vigorosa personalidade.

Indubitavelmente, não é ele merecedor do juizo restritivo de nossos homens de hoje. Que o apreciassem mal os seus adversários políticos de ontem, os seus contemporâneos, explica-se. Falavam sob o calor da paixão partidária. Mas que os acompanhem nesse indébito refrão os atuais evocadores de nossa evolução histórica, não. Não e não. Do largo e sereno estudo que fiz, através da farta documentação que me foi dada a compulsar sobre o grande político, outra impressão não me ficou senão a de que lhe não têm feito justiça os que o responsabilizam

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