e uma são elas - que emprestam à cidade o caráter de museu de arte colonial.
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Para conclusão dessas evocações da gênese de Ouro Preto e da formação da nacionalidade, importa assinalar a principal resultante das penetrações, que é da maior importância na ordem das considerações em torno de nossa evolução social: a emancipação política, feita por imperativo da situação econômica conquistada nos vieiros aurificos das Gerais. Esse aspecto jamais pode ser deslembrado, mesmo porque representa uma das mais poderosas determinantes de nossa independência.
A história fundamenta o fenômeno.
Depois de quase cem anos de mineração consecutiva, as minhas começaram a escassear. E a maioria dos mineradores, em consequência, atrasou-se nos impostos. De Portugal, os administradores, ávidos de maiores lucros da colônia, não admitiram a diminuição da renda. Veio então chefiar o executivo das Minas Gerais, para fazer a cobrança, o visconde de Barbacena, Luis Antonio Furtado de Mendonça. E veio disposto a executar a tarefa. Mal assumiu o governo, em 1788, resolveu proceder à derrama, fossem quais fossem os sacrifícios da população mineira. Houve, como era de esperar, descontentamento. O governo percebeu e, longe de recuar, o que fez foi restringir a liberdade de quantos habitavam as Gerais. Redobrou, aí, a insatisfação. Da insatisfação nasceu a revolta. Da revolta, a perquirição dos exemplos no passado, o acender da consciência do valor próprio dos homens nacionais e dos radicados na colônia, consciência que surgira das lutas pela defesa da terra, na expulsão dos holandeses, primeiro, na Bahia, depois, no Recife, em 1654,