Ouro Preto, o homem e a época

gerente da Liberdade. Tomando impulso rápido, o movimento passou a contar com o Comércio de S. Paulo, dirigido por Eduardo Prado, Afonso Arinos e mais alguns elementos devotados à causa monárquica.

Mas não puderam ir muito longe. Logo Campos Sales, que estava na presidência de S. Paulo, mandou varejar, pela polícia, o Centro Monarquista e apreendeu-lhe todos os papéis. No Rio, grupos exaltados, comandados não se sabe por quem, tentaram invadir a Gazeta da Tarde. E, ocorrendo o duro revés que atingiu as forças de Moreira Cezar, no combate aos fanáticos de Canudos, dada a imperícia desse militar, os republicanos, que procuravam um pretexto para estancar o impulso assustador dos monarquistas nos círculos políticos do país, aproveitaram-se disso para atribuir o insucesso à colaboração dos alentadores da volta ao regime monárquico. Foi a conta. Empastelaram as tipografias da Gazeta da Tarde, da Liberdade e do Apóstolo, queimaram-lhes os papéis, os livros e os móveis, em pleno largo de S. Francisco, sem que a polícia, cuja sede ficava próxima, tomasse conhecimento da chacina, e, a seguir, foram à residência de Gentil de Castro, à rua do Passeio, defronte do quartel da Brigada Policial, apedrejaram-na, invadiram-na, saquearam-na. No dia imediato, ao tomar o cel. Gentil o trem para Petrópolis, onde estava veraneando, foi barbaramente assassinado na estação de S. Francisco Xavier. Ouro Preto, que com ele estava, em companhia do filho, só escapou à fúria devastadora dos amotinados, que também o queriam exterminar, porque a dedicação corajosa e enternecedora do conde de Afonso Celso o salvou, num lance de extraordinária expressão dramática, das mãos homicidas da capangagem estúpida e desenfreada.

Agravando-se a situação, mesmo depois da morte de Gentil de Castro, viu-se o visconde na contingência de,

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