Ouro Preto, o homem e a época

política, pelo comparativo das duas situações distintas - a do final do Império e a do início da República - não só deixava patente a probidade com que ele e seus companheiros de administração pública haviam agido, como, ao fixar as realizações do primeiro decênio do governo republicano em terras brasileiras, subia ao nível desapaixonado do historiador e recolhia no seu trabalho todos os ângulos essenciais objetivados pelo novo regime, para que o próprio país futuramente os julgasse.

Fez, com isso, obra de alta valia documental e interpretativa.

Depois desse empreendimento, não mais se envolveu em assunto político. Pretenderam ligá-lo à Conspiração Policial ocorrida em março de 1900 e à sublevação de 14 de novembro de 1904, na Escola Militar, mas não o conseguiram porque realmente já ele estava afastado de tudo quanto dissesse respeito às competições partidárias. Quisera agir a princípio, é bem verdade, com a instalação de núcleos monarquistas, mas, verificada a impossibilidade de seu êxito, preferiu abandonar em definitivo o plano que ideara com os velhos correligionários políticos.

Desde então, só os estudos econômicos e jurídicos o ocupavam - velha e constante preferência! - sem que as naturais deficiências da idade, que já ia avançada, e os incômodos da moléstia que o haveria de vitimar pouco adiante, lhe estorvassem a continuidade das leituras e o meditar sobre as novas interpretações decorrentes do desenvolvimento da vida brasileira. Mantivera-se até os últimos instantes de sua vida em dia com a evolução teórica e prática dos problemas fundamentais do Direito e das Finanças públicas, o que lhe valeu, graças à grande atividade de que era dotado, expressivos triunfos na sua arejada e nobre senectude. Um deles, foi quando, instalada a Assembleia, em 1905, do Congresso de Expansão Econômica, contribuiu com a sua experiência e a sua sabedoria,

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