Ouro Preto, o homem e a época

relatando teses notáveis, discutindo como verdadeiro mestre e impondo à consubstanciação dos princípios; que deveriam reger a vida econômico-financeira do país, o seu ponto de vista realmente técnico. Agiu com tamanha elegância e compostura, com tal discernimento e capacidade, que Sílvio Romero, que outrora lhe contrariava as ideias, se converteu em seu apreciador e amigo. O outro foi quando do litígio de limites entre o Paraná e Santa Catarina. O Paraná escolheu para seu defensor o republicano convicto Ubaldino do Amaral. Santa Catarina apelou para o visconde, que obteve ganho de causa. O mais admirável, porém, foi a lisura, o íntegro comportamento de ambos, quer nos debates escritos, quer nos da tribuna, perante o Supremo Tribunal, onde o vivo ardor na defesa dos direitos e interesses que cada um patrocinava, como no-lo refere o conde de Afonso Celso, não empanou sequer de leve a atitude de cortesia e deferência recíproca, irrepreensível nos dois exímios contendores(407) Nota do Autor.

Ganha essa defesa e ultimado aquele Congresso, o visconde passou novamente a ser cortejado pelas mais importantes figuras da política e da cultura nacionais. Mas, o que mais o satisfazia, nos seus dias de crepúsculo, onde melhor se sentia, além dos umbrais de sua casa, em que o cercavam o carinho e a veneração de seus familiares, era no meio jovial e álacre dos seus discípulos de Direito Civil e Comercial, na Faculdade Livre de Ciências Jurídicas e Sociais. Aí, a mocidade estudantina o cumulava das mais vivas e espontâneas simpatias, e entre ela o venerando mestre se reencontrava com as horas menos árduas de sua juventude distante...

Repousava. E, à medida que os dias iam avançando, maior tranquilidade sentia no íntimo de seu ser, pela

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