Ouro Preto, o homem e a época

amigo português, que, depois de ter obtido fortuna no Brasil voltara a residir em Lisboa, convidara-o a ir à sua casa onde estava um outro amigo português do exilado, que também havia adquirido fortuna no Brasil, e que, naturalmente para ser agradável a Ouro Preto, após cumulá-lo de gentilezas, teve a inabilidade de, sem conhecer a envergadura do grande político brasileiro, fazer alusões desfavoráveis ao nosso povo, lamentando a queda do regime monárquico e a expatriação de elementos como D. Pedro, Isabel e o próprio visconde. Ao vê-lo e ouvi-lo assim maldizente para com o Brasil e os brasileiros, súbito rubor se fez na face do antigo ministro do Império. Transtornou-se bruscamente, e, sem conter o impulso, com a dignidade cívica mal ferida, replicou:

- O senhor não tem competência para julgar a gente de minha terra. Ela é tão digna, altiva e capaz de bravura quanto a portuguesa. Pelo menos lá não há quem deixe o Brasil para vir ganhar dinheiro em Portugal e regresse ao Brasil a falar mal dos portugueses.

Refere o conde de Afonso Celso, testemunha da ocorrência, que tais palavras de seu pai foram proferidas de modo vibrante, sucedendo-se longo silêncio, rompido, ainda, pelo ilustre exilado, que se ergueu, acrescentando:

- E já que ninguém protesta contra a injustiça feita ao meu país, retiro-me como um novo protesto! E não houve quem o detivesse(34) Nota do Autor.

Havia regressado ao Brasil e vivia entre os seus afetos quando, devido ao Manifesto monarquista, de 12 de janeiro de 1896, firmado por ele, João Alfredo, Lafayette,

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