Ouro Preto, o homem e a época

apareceu o seu perfil no retângulo da porta da sala. O momento, do ponto de vista histórico, torna-se decisivo. Ambos se defrontam com energia e altivez. Deodoro evoca, com frases duras, os sofrimentos passados no Chaco, na guerra do Paraguai: Ouro Preto, na plenitude de sua dignidade e de seu desassombro, revida:

- Não sofreu mais do que eu, neste momento em que sou obrigado a ouvi-lo!(32) Nota do Autor.

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Recolhido ao quartel de S. Cristóvão, no fim da tarde de 15 de novembro, o ex-ministro presidente do Conselho, fatigado das emoções da véspera e daquele dia, repousava sob profundo abatimento. Era meia noite. De repente, acorda com um grito de Mena Barreto, um dos dínamos revolucionários que mais trabalharam para a implantação da República, e que pensara com isso intimidá-lo:

- Acorde e prepare-se, que mais tarde tem de ser fuzilado! Sem vacilar o eminente mineiro respondeu:

- Só se acorda um homem para o fuzilar, não para o avisar que tem de ser fuzilado. O senhor verá que para saber morrer não é preciso vestir farda!(33) Nota do Autor.

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Experimentava o exílio em terras portuguesas, carregado de calúnias, vilipendiado, incompreendido, enxovalhado, denegrido principalmente pelos que mais o deveriam compreender e louvar-lhe a fibra moral. Um

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