Ouro Preto, o homem e a época

Sagra-o com uma das expressões mais luminosas e mais representativas da raça brasileira. Por ela, bem se vê não ter sido ele homem que subisse ao poder por concessões subalternas. Ao contrário, inteiramente diversos os elementos que o impeliram às culminâncias políticas e sociais do país, elementos derivados, todos eles, da inteireza de seu caráter, da firmeza de seu estofo psicológico. Daí, a autoridade com que manifestava sua opinião nas assembleias de que participava e a altanaria com que se portava nas circunstâncias mais difíceis.

Por seu feitio assim superior é que se manteve, desde a iniciação de suas atividades político-administrativas, no clima agitado e férvido em que se colocam os autênticos propugnadores do engrandecimento do nosso patrimônio histórico, econômico, social, intelectual e moral. Não descurou, jamais, da norma inflexível de conduta a que se impôs, agindo, sistematicamente, com retidão e sobranceria, para evitar caminhos sinuosos. Foi altivo nas suas manifestações de pensamento e resoluto nas pugnas parlamentares que manteve. Travou, por isso mesmo, batalhas árduas, sagrando-se um de nossos maiores administradores, notadamente no fim do período mais brilhante e produtivo do parlamentarismo brasileiro, que foi o em que, através do rotativismo dos dois partidos - o Conservador e o Liberal - lucilaram verdadeiras constelações mentais, sob a serena e fecunda orientação de Pedro II.

É bem de ver que a época e o ambiente em que viveu lhe ensejaram a memorável escalada na esfera política do país. O imperador, que era brando, sensato e oportuno - filósofo por temperamento - teve a habilidade e a fortuna de atrair aos círculos de nossa administração pública personalidades realmente notáveis, com as quais pôde tranquilizar o ambiente nacional e realizar, ao longo

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