O Barão de Iguape; um empresário da época da Independência

Na História Econômica, diversas forças têm que ser levadas em consideração: fatores geográficos, técnicos, condições demográficas, leis econômicas, desenvolvimento e formação de preços, enfim, as estruturas e a conjuntura. Todas essas forças influem ou não no sucesso do indivíduo e nas suas tomadas de posição. Depende do trabalho, da dedicação e das decisões do indivíduo o que ele consegue realizar dentro desse quadro que repercute nas suas atividades.

Este trabalho visa estudar as iniciativas de um indivíduo, no caso, Antônio da Silva Prado, frente a uma conjuntura favorável às atividades que escolheu — o comércio de muares e bovinos e a arrecadação de impostos sobre o gado —, conjuntura essa, determinada por um mercado consumidor de animais de corte e de carga em franca expansão. Sempre que for necessário, as forças acima referidas, que se refletem nas suas iniciativas, serão apontadas.

O interesse em estudar a atuação de Antônio da Silva Prado, futuro barão de Iguape, dentro do quadro econômico da Província de São Paulo, no que diz respeito ao comércio e à tributação de gado chegado do Sul, explica-se pelo fato de o comerciante ocupar lugar de destaque nesse setor, devido ao vulto de seus negócios e por possuir, para seus negócios particulares, parte apreciável do total de animais passados por Sorocaba. Suas cartas deixam perceber claramente a semelhança entre o mecanismo do comércio de gado em São Paulo, naquela época, e o que ele organizara. De maneira que, no correr do trabalho, notar-se-á constantemente a interpenetração do geral no particular, este último sempre aproveitado para dar não só as características típicas dos negócios de Prado, mas também para ilustrar o geral e, deste modo, torná-lo mais vivo e menos abstrato. Na História Econômica, como é sabido, mais que na Geral, interessa conhecer o particular e único e através dele perceber a possibilidade de generalizações e, quando for o caso, achar regras ou leis que regem certos mecanismos.

Embora a criação de gado e principalmente seu comércio desempenhassem papel de destaque na vida econômica de São Paulo, desde a abertura do caminho para o Sul na quarta década do século XVIII, tais assuntos são pouco conhecidos e a bibliografia, extremamente pobre, é insatisfatória, o mesmo acontecendo no resto do país. Existem poucos estudos sobre a pecuária e o comércio de gado e seu papel na vida econômica brasileira do passado. Inclusive no Arquivo do Estado, raros são os documentos que se referem a essas questões — relativamente à feira de

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