O Barão de Iguape; um empresário da época da Independência

PREFÁCIO

Na descrição da viagem do príncipe regente D. Pedro a São Paulo, em 1822, que redigiu Francisco de Castro Canto e Melo, gentil-homem de sua câmara e futuro visconde de Castro, lê-se que o dito regente recebeu na capital paulista "a obsequiosa e magnífica hospedagem que lhe haviam preparado o brigadeiro Manuel Rodrigues Jordão e o coronel Antônio da Silva Prado, hoje barão de Iguape...". Por onde se vê que esse relato, publicado por Melo Morais, foi composto depois de 1848, ano em que Prado foi feito barão.

Ao estudar o personagem, cujo nome se liga assim a um dos episódios culminantes da História do Brasil, e não de modo tão esquivo como o de Pilatos ao Credo, a Professora Maria Thereza Schorer Petrone a ele se refere, nestas páginas, dando-lhe o nome com que só será geralmente conhecido 20 e 30 anos depois da época em que se dedicou às atividades que formam o objeto central de sua pesquisa. Tratando-se de parte de uma visão global dos empreendimentos desse comerciante paulista, que viveu entre 1788 e 1875, e deixou sobre eles documentação singularmente rica, parece explicável o voluntário desvio — deslize? — cronológico. Nem vejo, num título que só ganha em ser conciso, que haja mal imperdoável em semelhante desvio. Pior seria, por exemplo, a possibilidade, quase inevitável de outra forma, de ser induzido o leitor a confundir o comerciante Antônio da Silva Prado com seu neto homônimo que, grande capitalista como ele, irá ser figura conspícua na vida brasileira das últimas décadas da Monarquia e de quase toda a Primeira República.

Sabedor, embora, de longa data, da existência de numeroso material inédito, que abrange sua correspondência comercial, diário, contas correntes, copiador de cartas expedidas, borradores, meticulosa escrituração dos negócios etc., mantidos até o fim de sua vida, só por volta de 1952 ou 53 tive oportunidade, porém, de contato direto com esse acervo impressionante. O que então me levou a entender-me com Jorge Pacheco Chaves, descendente

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