I
INTRODUÇÃO
Na historiografia moderna tem-se dado crescente importância à documentação particular, já que permite com mais facilidade a reconstrução de certos aspectos do passado. Papéis de proveniência particular são imprescindíveis na História Econômica, para o conhecimento de pormenores de certas atividades ou de seu mecanismo, que uma documentação de origem oficial jamais poderia revelar; ainda mais que atualmente o historiador percebe quão necessários se fazem, para o exato conhecimento das grandes diretrizes da evolução econômica ou social de determinada área, os estudos monográficos sobre as várias atividades — e seus atores — que compõem a realidade mais ampla. Assim, os papéis deixados pelo comerciante Antônio da Silva Prado (1788-1875), nos quais registrou suas atividades, constituem fonte inestimável para a História Econômica de São Paulo (1)Nota do Autor.
O acervo Antônio da Silva Prado, conservado no Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, abrange contas correntes, diário geral e correspondência desde 1810 até 1875, e constitui riquíssimo manancial de informações para a reconstrução de alguns aspectos da vida econômica de São Paulo. Jorge Pacheco Chaves observa que essa coleção "testemunha a faina duríssima, a esperteza e vivacidade do personagem. De sua leitura surge todo um complexo de vida, fascinante para o curioso, em que se entremeiam dados sobre negócios de compra e venda, de escambo e de banco, que levanta um pouco a cortina do esquecimento sobre uma vida econômica ativa"... (2)Nota do Autor. (*)Nota do Autor
Esses papéis contêm, relativamente ao período 1818-1829, informações de grande interesse no tocante à arrecadação de impostos sobre o gado que passava por Sorocaba e ao comércio de reses e bestas. Como o último gira em torno de Sorocaba, a documentação em questão também elucida alguns aspectos do mecanismo da famosa feira realizada aí.