Poder local na República Velha

APRESENTAÇÃO

A escolha do tema, o tratamento dado, as fontes e o plano de trabalho

Em 1897, a cidade de Araraquara foi palco de três assassinatos, que repercutiram intensamente mesmo fora do Estado de São Paulo e cujo significado transcendeu, como se verá, o meramente policial.

O "Coronel" Antônio Joaquim de Carvalho, republicano histórico, presidente do diretório local do Partido Republicano, fora assassinado, durante uma discussão, por um jovem sergipano, Rosendo de Sousa Brito, da facção política contrária. Rosendo era testemunha de acusação num processo que estava sendo movido contra o Tenente Soares, comandante do destacamento da Força Pública e, como tal, protegido do chefe político e instrumento de dominação local.

Dias depois, a cadeia seria invadida por um numeroso grupo que de lá retiraria e assassinaria, de forma brutal, Rosendo e um seu tio, que com ele estava preso acusado de cumplicidade. Desses crimes seriam acusados os filhos e outros parentes e agregados do "Coronel" Carvalho, dentre os quais se destacaria um genro, o Dr. Teodoro Dias de Carvalho Júnior, que até há pouco desempenhara as funções de chefe de Polícia e secretário da Agricultura, no governo de Bernardino de Campos como presidente do Estado.

Para o estudo de História, os episódios que ficaram conhecidos como "linchamentos dos Britos" e que tanto ainda incandescem a imaginação popular do araraquarense não oferecem qualquer interesse como meros acontecimentos policiais.

A justificativa para a escolha dos fatos como tema desta pesquisa está em que eles se nos afiguraram, desde logo, como uma clara manifestação de um fenômeno político-social, o "coronelismo", cujo entendimento não se consegue pelo estudo isolado do caso, senão tendo-se em consideração uma dimensão mais ampla, ou seja, a ideia do global que caracteriza o fenômeno social. Em outras palavras, os episódios ocorridos em Araraquara, no ano de

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