Poder local na República Velha

CAPÍTULO I

O "CORONEL", O CONTADOR E O FARMACÊUTICO

1 - O cenário dos fatos

Em fins de janeiro de 1897, acabava de viver a cidade as festas religiosas do Divino e de São Sebastião, "que estiveram brilhantíssimas", graças aos esforços do Padre Cesarino e de outras prestigiosas pessoas da comunidade. "Cerimônias corretas, procissões concorridas, orquestras e bandas de música muito razoáveis, leilões muito disputados, fogos de artifício esplêndidos, cosmorama com vistas sobre a revolta de 6 de setembro, circo equestre, ginástico, acrobático, com leão, onça, cachorros e outros bicharocos, fonógrafos em duplicata e, como nota dissonante, para fazer realçar o resto, um desconcerto de cítara executado por um professor (?) que tinha a habilidade de nos fazer arrepiar os cabelos com os irritantes sons que conseguiu tirar de tão delicado instrumento.

Bailes, dois no Clube Araraquarense, que estiveram magníficos.

Povo em quantidade.

Ordem completa.

Não se podia desejar mais."(1) Nota do Autor

Assim o correspondente local do principal órgão da imprensa de São Paulo noticiava acontecimentos do cotidiano da "próspera Araraquara" de fins do século XIX e que em breves dias viveria os episódios mais tormentosos de sua existência e que iriam vincar fundamente sua história.

O lugar de fato prosperava a olhos vistos nos últimos anos, os primeiros da última década do século. A medida dessa prosperidade pode muito bem ser aferida pelas cifras constantes do relatório apresentado ao Dr. Bernardino de Campos, ex-presidente

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