que era um homem de cultura geral, jurista, publicista, orador, estadista e poeta, revelou pela primeira vez aos discípulos a grandeza da profissão que eles haviam abraçado. Foi nas manifestações estudantis ao mestre, retornado da Corte após a queda do partido e recebido como herói pelos estudantes, que Rui pronunciou seu primeiro discurso político, a 13 de agosto de 1868, data do início de sua vida pública, solenemente comemorada em 1918.
Depois dos lentes, os colegas. Basta enunciá-los para ter noção da importância da geração que percorria as arcadas do antigo convento de São Francisco: Joaquim Nabuco, Castro Alves, Rodrigues Alves, Afonso Pena. Juca Paranhos, futuro barão do Rio Branco, era também estudante em São Paulo nesse momento. Mas dali se transferiu para o Recife, e não consta qualquer contato entre os dois estudantes, pertencentes aliás a correntes políticas diferentes. Castro Alves chegou, em certo momento, a morar na mesma república que Rui.
Nos primeiros tempos, logo após a chegada, Rui foi acolhido pelo presidente da Província, ao tempo o liberal conselheiro Joaquim Saldanha Marinho, colega e amigo de João Barbosa nas lutas partidárias. A generosidade e a consideração do presidente, já nome consagrado na política, em relação a um simples estudante - acadêmico, como então se dizia - vão constituir os pontos de apoio de uma solidariedade para o resto da existência.
Outra relação fora do mundo acadêmico que Rui então estabelece é com Luís Gama, seu conterrâneo, grande figura no foro e nas letras, que mantinha em fervoroso culto pelos ideais abolicionistas um círculo numeroso de estudantes e intelectuais.
Rui foi excelente estudante. Alguns de seus trabalhos escolares estão guardados no arquivo da Faculdade e foram publicados. Revelam um estudioso atento aos cursos. A fama entre os colegas cresceu.
Mas o curso jurídico não ministrava somente a ciência, transmitida pelos lentes. A vida acadêmica era uma formação para a vida política. Jornais estudantis, como a Tribuna acadêmica, dirigida, aliás, por dois futuros presidentes da República (Rodrigues Alves e Afonso Pena), jornais não acadêmicos, O Ipiranga, de Salvador de Mendonça, e o Radical Paulistano, dirigido por Luís Gama, em todos iniciou-se Rui no jornalismo. Crepitava o movimento liberal-radical, como reação ao domínio conservador. Fundavam-se Clubes Radicais, para difundir o programa do manifesto ousado redigido por Nabuco de Araújo, que terminava com o dilema famoso: Reforma ou revolução. Havia sociedades ostensivas: