À sombra de Rui Barbosa

O Ateneu Paulistano, de que Rui foi feito presidente em sucessão a Joaquim Nabuco; havia sociedades secretas estudantis, à moda alemã; havia, enfim, a própria franco-maçonaria, em uma de cujas lojas, a Loja América, Rui foi admitido e feito orador. Em todas essas atividades, fervorosamente exercidas, o leitmotiv era sempre o mesmo: abolição.(13) Nota do Autor

O número de artigos, discursos e projetos de Rui Barbosa em todas essas instituições foi considerável. Alguns chegaram até nós e estão publicados. Alguns jornais daquele tempo, porém, desapareceram completamente, e não é possível obter um só exemplar.

Percebe-se, pela correspondência dos colegas do tempo, que a figura mais importante na coordenação política dos estudantes não era nenhum dos grandes nomes que vieram depois a brilhar no mundo da política ou das letras, mas um desses úteis amigos, com alto espírito de cooperação, fiel aos ideais políticos a que se votou. Dedicou-se depois à advocacia e ao comércio. Chamava-se Bernardino Pamplona. Foi ele que colheu as assinaturas para o Manifesto republicano de 1870, assinado em primeiro lugar pelo Conselheiro Saldanha Marinho. Rui não o assinou porque na hora em que foi lançado ele já se retirara para a Bahia, antecipando a formatura por motivo de saúde. Nas cartas de Pamplona para a Bahia, vê-se que o manifesto, que consubstanciava tudo o que fora debatido nos grêmios estudantis e nas lojas maçônicas, correspondia ao que o grupo de estudantes liberais sempre planejara: abolição, federação e república.

É muito pouco provável que, se Rui estivesse ainda em São Paulo em fins de 1870, seu nome deixasse de figurar entre os signatários do Manifesto. Mas antecipando a formatura e voltando às pressas para a Bahia, Rui caiu, logo ao chegar a casa, em completa prostração. O pai assustou-se seriamente. Levou o filho a todas as sumidades da terra, mas nada vencia um excessivo peso na cabeça e uma apatia assustadora.

Enfim, como a necessidade era grande, foi preciso vencer o torpor, e Rui começou a trabalhar na advocacia e no jornalismo. Naturalmente conduzido pelo pai, passou a pertencer ao Partido Liberal Baiano.

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