O Médio São Francisco. Uma sociedade de pastores guerreiros

de Octávio Mangabeira, organizou sob a responsabilidade de Charles Wagley e nossa, com a colaboração de Eduardo Galvão e L. A. Costa Pinto, em torno de comunidades do Recôncavo, do Sertão, do Planalto, da Zona do Cacau, de Feira de Santana, e que deu lugar a diversos livros e artigos (ver "Universitas", Rev. de Cultura da. Univ. Fed. da Bahia, n.° 8 6-7, 1970). Desta investigação foi excluída a região do São Francisco por já estar a Largo daquela outra equipe.

É nesse amplíssimo quadro que se coloca O Médio São Francisco, uma Sociedade de Pastores e Guerreiros, da autoria de Wilson Lins. Editado pela primeira vez em 1952 (Edit. Galeria Oxumarê, Salvador) e em 1960 (Livr. Editora Progresso, Salvador), reaparece agora em versão que o autor pretende definitiva, mais preciso na linguagem, mais claro em certos textos e dados, para ser apreciado e saboreado pelos que se dedicam à indagação sobre a curiosa região em seus perfis naturais, econômicos, históricos, em suas potentes virtualidades e perspectivas, como principalmente nas lutas políticas, nos coronéis e no mandonismo e quantos queiram saber da vida sertaneja. É, pela idade e pelo gênero, um ensaio de antecipação aos que escreveram investigadores como Rui Facó, Walfrido Moraes, Nertan Macedo e, em esquemas de cunho mais teórico, Manoel Diegues Junior, Maria Isaura Pereira de Queiroz, Ralph Della Cava, Eul-Soo Pang, como fizera Vítor Nunes Leal no afamado livro Coronelismo, Enxada e Voto, de 1949. a respeito daqueles temas, mesmo em outros contextos. O livro de Wilson Lins não é uma tese, formal, sistemática, presa a modelos escolares ou acadêmicos, em que intente provar isto ou aquilo, senão que ama porque a ela pertence e conhece a dramática realidade de suas páginas. Dá antes um depoimento, um testemunho, com paixão e liberdade, não raro com parcialidade inteligente e pessoal, ainda quando utilize elementos históricos, sociológicos, quantitativos; nunca se subordina ao pensamento ou às impressões de outros, menos como rebelde do que como ciente do que fala e vê com acuidade.

Contar é o vocábulo apropriado para qualificar o estilo do autor, um já experimentado escritor que, muito jovem, em 1939, se inspirara em Nietzsche para as confissões e reflexões filosóficas e literárias a que nos convida em Zaratustra me Contou (Livr. Edit. Progresso, Salvador). E cuja vocação é, ao mesmo passo, de romancista e de jornalista político: um romancista realizado, sempre sob a inspiração do seu meio e da sua gente do São Francisco; um político que se evidencia

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