O Médio São Francisco. Uma sociedade de pastores guerreiros

Catiguçus, da narrativa de Navarro(4) Nota do Autor, como os Carijós de Gabriel Soares, serão, por acaso, frutos da falta de exatidão nas informações, coisa natural numa época em que tudo no Brasil estava em embrião?

Foi com D. João III, em 1548, que cresceu a preocupação pela conquista do vale do São Francisco. Naquele ano, a Coroa lusitana recomenda a Tomé de Souza e seus homens que "entrem no São Francisco" em bergantins toldados, providos do necessário, com línguas da terra e pessoas de confiança". Contudo, só depois de iniciado o século XVII melhores conhecimentos sobre o vale do São Francisco fizeram com que a vasta região fosse arrancada do reino da lenda e começasse a integrar a realidade nascente da colônia.(5) Nota do Autor

No entanto, ao tempo em que davam início à penetração do grande vale, os colonizadores, em vez de povoarem-no, promoviam o seu despovoamento, matando o gentio que o ocupava. Plantando currais pelo ermo adentro, o explorador branco substituía por boiadas as tribos que encontrava no seu caminho. Matando ou escravizando o índio, o colonizador português, a princípio, realizou uma obra de escravização e extermínio de toda uma nação, e não de civilização de um povo. Por causa da tão propalada falta de braços para a lavoura, que em várias oportunidades iria determinar a paralisação dos engenhos do litoral, generalizou-se a caça ao silvícola, comandada quase sempre pelos próprios governadores, como é o caso do governador Luís de Brito e Almeida, que venceu e escravizou os nativos do rio Real. Como os padres se opunham à caça aos índios, os empreiteiros das expedições procuravam fazer crer que as tribos que povoavam as margens do São Francisco eram ferocíssimas. Tais expedições concorreram enormemente para atrasar a penetração, que os nativos, ameaçados, reagiam, devolvendo aos invasores os golpes de que eram alvo. As matanças chefiadas por Sebastião Álvares, Francisco Barbosa da Silva, Francisco de Caldas, Gaspar de Taíde e outros caçadores de índios, fizeram com que o gentio ficasse mais rebelde e inacessível, evitando, como podia, qualquer contato com os civilizadores, que, ao invés de civilizarem, escravizavam. A gente de Pernambuco e Bahia, a quem se deve realmente a conquista do São Francisco, inicialmente agiu como horda inimiga, arrasando o silvícola desprevenido.(6) Nota do Autor Alegando

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