Devoção e escravidão. A Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos no Distrito Diamantino no século XVIII

de Fritz Teixeira de Salles(2) Nota do Autor que dá uma visão geral do assunto, agrupando as irmandades em categorias sociais. Os historiadores do Distrito Diamantino, como Joaquim Felício dos Santos, (3) Nota do Autor que há cem anos tratou pormenorizadamente da região, quase não faz referência às associações religiosas. Esse livro pioneiro, entretanto, baseado em documentos que posteriormente se perderam, dá uma séria e inteligente visão do local, chegando a conclusões que os documentos que tivemos oportunidade de estudar em Portugal vieram a confirmar. Não menos importante é o trabalho de Aires da Mata Machado Filho(4) Nota do Autor sobre o arraial do Tijuco e também a cidade de Diamantina, como se chamou posteriormente, onde não deixa de salientar as irmandades do lugar, mas de modo incidental, pois outro era o seu campo de pesquisas. Mais de uma obra tratou do diamante e de assuntos correlatos, às vezes com ligeiras referências às associações religiosas. Entretanto, não conhecemos nenhuma que fosse dedicada ao assunto no Distrito Diamantino. Julgamos que seria extremamente interessante que se empreendessem pesquisas sistemáticas sobre as confrarias de negros em diferentes âmbitos regionais, pois, desse modo, novos aspectos das relações igreja-escravidão seriam abordados, com o que poderiam vir a se esclarecer tais assuntos.

Quando as diversas regiões forem estudadas desse ponto de vista, será possível empreender obra de maior vulto, capaz de dar uma contribuição decisiva para o conhecimento da escravidão em nosso país e, sobretudo, sobre o papel que nela representou a Igreja.

Para estudar a irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, no Setecentos, realizamos pesquisas, sobretudo em Minas Gerais e em Portugal. Frequentamos o Arquivo Público Mineiro, mas por se tratar de tema de fundo religioso, o centro de nossos estudos ali foi o Arquivo da Arquidiocese de Diamantina. Apesar de se achar em fase de organização e de ser a consulta difícil, encontramos ali material extremamente útil, ainda que em parte já deteriorado. Julgamos que essa documentação deveria ser imediatamente aproveitada antes que fosse totalmente consumida por papirófagos, pois apenas um tratamento adequado feito por profissionais competentes deverá salvá-la. O Arquivo não conta, entretanto,

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