O Rosário do Tijuco, mesmo em seus pormenores, procurou não se afastar de suas congêneres e nos livros da irmandade encontramos contínuas referências ao desejo de que tal ou tal acessório deve ser igual aos das igrejas do Carmo ou de S. Francisco, demonstrando a ambição de se equipararem os seus irmãos aos membros de irmandades socialmente bem aceitas. O seu altar-mor não é menos rico do que os outros da região e, como eles, também é provido de dossel. Embora em outros pontos da Capitania já não se fizessem altares desse modelo, no Tijuco ainda se conservava o mesmo estilo, esquivo às mudanças do período. O atraso estilístico pode ser em parte explicado pela segregação em que vivia o Distrito, o que não impediu, entretanto, que do ponto de vista musical fossem seguidas as últimas modas, até mesmo as que surgiam na Europa. A igreja do homem de cor também ostenta apenas uma torre, como as outras, e tem guarnições de madeira pintada nas janelas, sacadas e portada. Seu interior foi pintado pelo Guarda-Mor José Soares de Araújo, artista que trabalhou na do Carmo e de S. Francisco. Mesmo sendo o Guarda-Mor irmão do Rosário, não podemos deixar de reconhecer que certamente a principal razão de recair a escolha sobre ele vem do fato de ser o artista dos templos de maior importância do arraial. Aliás, os membros do Rosário não escondem o desejo de se manter fiel aos modelos mencionados. Não querem que sua igreja seja inferior às melhores.
Propriedade da confraria, o templo dava a medida de seu prestígio, surgindo daí o espírito de emulação. Esse era um dos únicos pontos em que o homem de cor podia competir com o branco, mostrando não ser diferente dele, e é nesse aspecto que reside a maior importância social de irmandades de Nossa Senhora do Rosário, de S. Benedito e outras. Proporcionavam ao negro o meio de se equiparar aos demais habitantes da Colônia.
A riqueza do altar-mor e a simplicidade dos altares laterais da igreja do Rosário também não são fatos incomuns. Nestes, apenas os santos se destacam pelo ouro e pelo luxo. O curioso é que neles encontramos alguns santos brancos, como S. Joaquim e S. Domingos, o que estabelece ligação com as origens da irmandade. Mesmo não tendo vindo os dominicanos ao Brasil, no longínquo Tijuco se comemora o santo em cujos conventos foi fundada a associação. S. Joaquim também ocupa um dos nichos dos altares laterais, mas não deixa de ser uma conhecida devoção no período, ao lado de Santa Ana, que aparece no altar-mor. A diferença entre o altar central e os laterais pode resultar de uma valorização daquele ou explicar-se pelo fato de estes terem