Vida e obra de Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho

e a psicologia social, é simplesmente fabuloso". E Afonso Arinos observa que procura falar sem ênfase, bem à mineira.

Sylvio de Vasconcellos contribuiu decisivamente para iluminar o passado de Minas Gerais. Nós todos, que o conhecemos, sabíamos que tinha os olhos no futuro - e por isto talvez tenha sido punido, com injustiça que clama e clamará sempre aos céus, enquanto estiverem surdos os tribunais e moucos, definitivamente moucos, os fariseus de todos os gêneros e de todas as épocas. A intolerância de meia dúzia de pingentes de última hora, viajando na taioba da turbulência de 1964 e nos anos subsequentes, conseguiu banir Sylvio de Vasconcellos de seu natural domicílio, que dele deve honrar-se e dele se honrará para sempre. Minas é mais do que um instante pouco feliz; e passa além das misérias humanas, com as quais sempre convivemos e das quais fomos congenitamente feitos (vide Filipe dos Santos, Tiradentes e outros, para só ficar no confortável período colonial, em que se conheciam as regras do jogo).

Perseguido, dado por indigno de ser mineiro, Sylvio de Vasconcellos aqui está, redivivo. Esta glória ninguém lhe cassa. Esta força ninguém lhe tira. Sylvio pôde viver sem Minas, longe de Minas; mas Minas não pode viver sem Sylvio de Vasconcellos. Entre tantas provas, aqui está mais uma - este livro, que retoma a sua obsessiva preocupação e põe sobre o Aleijadinho e sobre Minas uma coroa de louros que, por justiça, se não por amor e remorso, devemos dividir com Sylvio de Vasconcellos. Permito-me concluir com a epígrafe com que abri o meu artigo n'O Globo: "Se servistes à Pátria, que vos foi ingrata, vós fizestes o que devíeis, ela, o que costuma." Assinado: padre Antônio Vieira. Vieira sabia o que dizia; e infelizmente continua atual.

Rio de Janeiro, 27/6/1979.

OTTO LARA RESENDE

Vida e obra de Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho - Página 14 - Thumb Visualização
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