Capítulo 1
O AMBIENTE
1.1
Nos últimos anos do século XVII expedições ao interior brasileiro encontraram ouro em uma estreita faixa montanhosa, distante cerca de 300 quilômetros do litoral.
A descoberta, ansiosamente esperada e estimulada pela Coroa Portuguesa desde os primórdios da colonização, imediatamente atraiu extraordinário número de imigrantes que, nas minerações, estabeleceram a primeira ocupação estável do sertão continental lusitano.
O evento abriu caminho para o domínio do oeste, ligou por terra os assentamentos marítimos, consolidou a economia e o mercado domésticos e influiu decisivamente no posterior desenvolvimento histórico do Brasil e de Portugal.
Como o ouro ofereceu-se em depósitos aluviais e afloramentos superficiais esparsos, sua extração tornou-se acessível a quantos por ela se interessaram, favorecidos pela iniciativa real de subdividir, entre estes, as áreas mineráveis. A circunstância levou a uma alta distribuição da riqueza local e dificultou, extremamente a formação de elites privilegiadas.
A mineração extensiva, não contrabalançada por atividades agrícolas ou pastoris; o isolamento da área para melhor controle da produção aurífera; as sucessivas revoltas populares contra a administração real; a debilidade e tergiversações desta; a limitação do número de escravos destinados a uma mesma exploração e a promiscuidade entre brancos e negros, promovida pelo tipo de trabalho que cumpriam e escassez de mulheres brancas, levaram à formação de uma sociedade eminentemente urbana, aberta, liberal e progressista. De certo modo, foi a primeira a delinear-se