Vida e obra de Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho

Capítulo 1

O AMBIENTE

1.1


Nos últimos anos do século XVII expedições ao interior brasileiro encontraram ouro em uma estreita faixa montanhosa, distante cerca de 300 quilômetros do litoral.

A descoberta, ansiosamente esperada e estimulada pela Coroa Portuguesa desde os primórdios da colonização, imediatamente atraiu extraordinário número de imigrantes que, nas minerações, estabeleceram a primeira ocupação estável do sertão continental lusitano.

O evento abriu caminho para o domínio do oeste, ligou por terra os assentamentos marítimos, consolidou a economia e o mercado domésticos e influiu decisivamente no posterior desenvolvimento histórico do Brasil e de Portugal.

Como o ouro ofereceu-se em depósitos aluviais e afloramentos superficiais esparsos, sua extração tornou-se acessível a quantos por ela se interessaram, favorecidos pela iniciativa real de subdividir, entre estes, as áreas mineráveis. A circunstância levou a uma alta distribuição da riqueza local e dificultou, extremamente a formação de elites privilegiadas.

A mineração extensiva, não contrabalançada por atividades agrícolas ou pastoris; o isolamento da área para melhor controle da produção aurífera; as sucessivas revoltas populares contra a administração real; a debilidade e tergiversações desta; a limitação do número de escravos destinados a uma mesma exploração e a promiscuidade entre brancos e negros, promovida pelo tipo de trabalho que cumpriam e escassez de mulheres brancas, levaram à formação de uma sociedade eminentemente urbana, aberta, liberal e progressista. De certo modo, foi a primeira a delinear-se

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