Vida e obra de Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho

De fato, cedo dominou a leitura e a escrita. Sua assinatura em documentos encontrados se mostra firme e ornamentada conforme o gosto da época e suas obras persistentemente incluíram inusuais inscrições em português e latim, extraídas ou condensadas de textos sacros.

A alusão ao fato de não haver assistido a outras "aulas" provavelmente teria em conta cursos regulares superiores que se supunham necessários para habilitar e categorizar profissionais. Com toda a certeza visava salientar o talento natural de Antônio Francisco, que florescera espontaneamente. A informação não exclui, porém, a possibilidade, antes a confirma, de haver Antônio Francisco adquirido conhecimentos teóricos, a par dos práticos, pelas vias que lhe eram acessíveis. Deve-se considerar que, a despeito da criação de "colégios" e universidades, às quais se acolhiam reduzidos grupos de alunos, a grande maioria dos profissionais, especialmente os relacionados com o artesanato e construções, formava-se, então, em "ateliers" privados e em canteiros de obras, sob a orientação das corporações de ofício que, criadas na Idade Média, sobreviveram no Renascimento e persistiram no período barroco.

Foi através deste processo que Antônio Francisco adquiriu seus conhecimentos profissionais, desenvolvendo suas aptidões, não só como aprendiz em canteiros de obras, como também em "aulas", ditadas por mestres de maior categoria.

Com relação ao ensino teórico, parece certo que nenhum professor mais lhe serviu do que João Gomes Batista. Este, oficial da Casa da Moeda de Lisboa, havia sido transferido, por causas não de todo esclarecidas, para o Rio em 1735 e para Vila Rica em 1751, onde lhe foi dada a função de abrir cunhos na Casa de Fundição local.

Excedendo a todos no "desenho o mais doce e mimoso", no dizer do vereador de Mariana, medalhista, discípulo do conceituado pintor Vieira-o-Lusitano e de Antônio Mengin, abridor de medalhas em Portugal, de fato ninguém melhor do que Gomes Batista estaria em condições de acrescentar fundamentos eruditos aos conhecimentos empíricos de Antônio Francisco. É quem lhe poderia ter dado acesso às novidades artísticas em curso na Europa e induzi-lo a composições mais próximas do humanismo iluminista,

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