O SÍTIO
Quem, das praias da Cidade do Salvador, num daqueles barcos de tão esquisito perfil oriental largar os panos ao sopro do Nordeste, em busca do fundo da baía, beirando a costa na direção de Passé, descortinará, à luz de alguma tarde de verão, panoramas de não mais esquecer.
E se tiver em mente o passado, a bela história daquelas regiões, tanto o deleitará a natureza deliciosamente poética quanto o farão cismar redobradas evocações.
Desde a ponta de Monserrate, com a branca ermida como a boiar entre as espumas que a rodeiam, a terra se retrai em negaças de bucólicas praias - do Bonfim, da Lenha, dos Mastros: alvas areias que demandam a Penha com velha igreja entre antiquíssimas árvores junto à abandonada residência estival dos antigos bispos. Entra depois o lagamar de Itapagipe em profunduras de contorno entremeadas de verdes ilhotas. Alveja, além, no meio da folhagem, a capela de Massaranduba. A Cidade distante parece não ter mudado para não desmentir as gravuras do livro de Barleus. Levantam-se ao fundo os altos do Lobato, princípios de Pirajá; e, avançando para Cabrito - um marco histórico da Guerra da Independência - retoma seu círculo a enseada, até São João da Plataforma, outrora aldeia de índios ali reunidos pelo jesuíta, e depois desembarcadouro e quartel de Nassau e holandeses em malogrado assédio à cidade brava.
Antes que o barco embique a proa entre a Ilha de Maré, tão cantada de Botelho de Oliveira, e a costa pontilhada de casario,