APRESENTAÇÃO
O ouro brasileiro e o comércio anglo-português é obra que se impõe pelo tema, elaboração superior, metodologia severa, pesquisa ampla e original. É estudo do papel do ouro brasileiro no comércio anglo-português e contribuição ao conhecimento da economia atlântica no século XVIII. Pesquisas do gênero há inúmeras, desde que Fernand Braudel publicou em 1949 o livro sobre o mar Mediterrâneo, na época de Filipe II, abrindo caminho que teve muitos seguidores na França e em outros países, até mesmo no Brasil.
Na definição do que foi o comércio anglo-português no século XVIII, o autor destaca o papel representado pelo ouro brasileiro, cuja importância, como se sabe, está exatamente na primeira metade desse século. Assim que se descobre o ouro no Brasil, as relações comerciais de portugueses e ingleses se acentuam, em parte como decorrência do Tratado de Methuen, de 1703, entre os dois países. O Tratado já foi objeto de muita análise e tem aqui justa colocação, em que se evidenciam os lucros e desvantagens das duas partes. Portugal tem relativo florescimento, com decadência pronunciada no início da segunda metade do século, fato que coincide com o declínio da atividade mineratória, quando a produção de ouro em Minas, Goiás, Mato Grosso e Bahia cai sensivelmente. O autor coloca o problema: foi o ouro do Brasil agente de mudança na estrutura da economia de Portugal e da Inglaterra? Qual seria o vulto do ouro brasileiro?
Como se vê, o tema é importante, de interesse para Minas, Brasil, Portugal, Inglaterra, para a economia do Ocidente. Para enfrentar tão importantes questões o autor dispõe de metodologia severa, convenientemente aplicada. Virgílio Noya