O ouro brasileiro e o comércio anglo-português. Uma contribuição aos estudos da economia atlântica no século XVIII

Justamente por isso, acreditamos que nossas pesquisas projetam o ouro brasileiro na economia mundial e integram-no na análise de G. Imbert.

O encontro do ouro no Brasil não se deu por simples acaso. Sua descoberta foi incentivada, e este incentivo é característico dos períodos de recessão econômica. Observa G. Imbert que a produção de metais preciosos aumenta antes do fim da fase de baixa e no início da alta, determinada pela maior intensidade na busca no período agudo da depressão e das dificuldades financeiras.(17) Nota do Autor

Ora, a recessão do movimento secular mercantilista se estende de 1635-50 a 1722-43, entorpecendo a economia mundial e a do império português. Coincidem com a fase aguda da baixa secular as cartas do regente de Portugal, o futuro Pedro II, aos paulistas, incentivando-os à procura de metal precioso (1674). Na década seguinte, a busca frutificou com a revelação do ouro no Sul (Curitiba) e em seguida no Centro-Oeste (Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás).

Portanto, o ouro brasileiro começou a entrar no mercado internacional entre o fim do século XVII e décadas iniciais do século XVIII, exatamente antes do fim da fase de baixa e no início da alta secular.

Por sua vez, a partir da década de 60, as primeiras flexões na produção do ouro no Brasil, revelam o início do seu declínio, acentuando-se na década de 80. Como a alta secular capitalista se prolonga de 1722-43 a 1808-17 mais uma vez encontramos perfeita sincronia com o esquema de G. Imbert, quando afirma que a produção de metais preciosos entra em declínio durante uma parte da fase de alta e no início da baixa.

Estas constatações levam-nos a concluir que o ouro brasileiro está para o movimento secular capitalista, como os metais preciosos do México e do Peru estão para o movimento secular mercantilista, e o ouro do Alasca, do Transvaal e da Austrália estão para o movimento secular planificado.

Além dos movimentos seculares, os economistas têm identificado outros movimentos de menor duração como o ciclo Kitchin

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