O ouro brasileiro e o comércio anglo-português. Uma contribuição aos estudos da economia atlântica no século XVIII

Ao estudar o movimento secular capitalista, G. Imbert o explica através dos fatos citados a seguir.

1) O crescimento demográfico, sobretudo entre 1700-50 comum a todos os países, porém, particularmente forte na Inglaterra. Esta evolução, além de fornecer mão de obra à indústria nascente, permitiu o aproveitamento das colônias.

2) A revolução técnica do século XVIII, embasada essencialmente no descobrimento e emprego da máquina a vapor como energia, no uso do carvão como combustível e do ferro como matéria-prima, na introdução de máquinas no processo de fabricação e no emprego de novos métodos de produção.

3) A revolução agrícola de todo o século XVIII, com a formação de grandes propriedades, que permitiu melhorar consideravelmente as técnicas agrícolas, sobretudo com a mecanização. Em decorrência, a mecanização liberou braços para a indústria.

Além destes fatos, o Autor afirma que o aumento dos meios monetários desempenhou uma função bem menos importante que no curso da expansão do sistema mercantilista.(14) Nota do Autor

Numa nota a esta observação, G. Imbert diz que no século XVIII houve um pequeno aumento nos estoques de ouro entre 1681-1740, da ordem de 42.500kg, porém, a partir de 1740 não mais se verifica aumento daquele metal precioso.(15) Nota do Autor

Estas afirmações levam-nos a crer que G. Imbert desconheceu totalmente a produção brasileira de ouro. Exatamente por isso, seu estudo sobre o movimento secular capitalista não se conjuga com os estudos dos demais movimentos. Talvez tivesse o Autor sentido a falta do "elo perdido", quando, na introdução do capítulo em que analisa os movimentos seculares antes da Revolução Industrial, diz: "Deixemos de lado toda a presunção, reconheçamos que aqui, mais ainda que nos capítulos precedentes, a observação estatística não é sem risco, sem lacunas nem erros."(16) Nota do Autor

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