Pernambuco e as capitanias do Norte (1530-1630) – Volume III

sem vantajens para os vencedores, os habitantes "nunca levam seus preitos tanto ao cabo, que lhes seja necessario concorrerem à Relação da Bahia; porque antes disso, se mettem amigos e parentes per meio, que os compõem e concertam". Do conhecimento que tinha Brandônio dos trâmites jurídicos, podia assegurar ser mais fácil conseguir despacho do reino, que da sede colonial, "porque, como toda esta costa se navega por monções, succede encontrar-se com alguma contraria, o que dilata muito o despacho dos negocios".

Em 1593, Belchior da Rosa declarava na mesa da inquisição, mais ou menos na época em que Brandônio escrevia os Dialogos, ter-se agastado com o seu cargo de tabelião "do publico e judicial", porque os "officiaes da justiça a vendem por dinheiro e peitas e rogos dos poderosos, e fazem erros e falsidades em seus officios tirando ha justiça ás partes em favor dos que mais podem". Queixava-se o notário ao cristão-novo João Nunes, conhecido onzeneiro, o qual o consolou dizendo não convir abandonar por aquele motivo a profissão, porquanto "neste mundo agora desde o porteiro athé o papa todos assim o faziam e assim corria tudo". Ressumava nas suas palavras o travo de converso à força, ressentido como todos os correligionários pelas angustiosas negociações, que se tinham processado em Roma, entre a cúria, os representantes del-rei

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