Pernambuco e as capitanias do Norte (1530-1630) – Volume III

Ainda poderíamos incluir no rol do que lhe incumbia, o primeiro desbaste do solo, verdadeira luta contra a mata, em que o índio tinha de se valer da observação atenta e do vigor dos músculos como se estivesse na guerra. Principiava recorrendo às suas faculdades estratégicas na judiciosa escolha do terreno. No ponto preferido, no dia marcado pelos chefes e pajés, reunia-se a indiada num conjunto chamado entre os tapirapés, "apatxirú", na grafia de Kurt Nimuendajú(65); Nota do Autor ou "potirõ" in Montoya; "putirú", na língua geral do norte: "puchirum" pelos tabaréus da Amazônia; "motirão" ou muchirão pelos caboclos do centro do país. A concentração assim chamada, devia aproveitar a lua favorável, mobilizando todos os grupos que compunham a tribo, muitas vezes ainda auxiliados por amigos e afins. Começava o chefe a labuta com maior alarde que os outros, como para evidenciar ser ele também o primeiro neste mister privativo dos homens. Os demais imitavam-no com igual entusiasmo, principalmente quando sentiam gana, porque ninguém os forçava ao trabalho, muito pelo contrário, escolhiam livremente segundo as conveniências ou capricho peculiares, a árvore que deviam atacar. Na faina, não procuravam método para diminuir o cansaço, numa taylorização que permitisse

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