Pernambuco e as capitanias do Norte (1530-1630) – Volume III

João Nunes, o qual na categoria de usurário, não era nem mais nem menos pernicioso, que os outros judeus ou católicos entretidos no mesmo sórdido meio de enriquecimento. Destacava-se, porém, dos congêneres, pelos empréstimos que fizera aos principais elementos de governança. Cristovam Lins, Cristovam Vaz de Bom Jesus, ou Felipe Cavalcanti, tinham sido suas vítimas e levantavam escarcéu pelo azedume que lhes ficara. Audacioso como todo indivíduo seguro da impunidade, que transforma a lei em instrumento de assalto ao próximo, chamava João Nunes por esta e outras razões a cólera dos habitantes de Pernambuco e Bahia, mesmo dos que não prejudicara, nem sequer conhecia. No correr da sua vida acidentada na colônia, cortada de embates pecuniários, não encontrou mercê justamente do licenciado Diogo do Couto, o eclesiástico de mais tisnada fama do clero baiano(6). Nota do Autor Declarou Diogo perante a mesa do Santo Ofício ter nascido na Bahia em 1558, filho de cristã-velha e de pai anônimo, que sua mãe dizia ser também cristão-velho. Devia nutrir grande ojeriza, o clérigo, contra João Nunes, porque, certa vez, mandou prendê-lo por andar amancebado com mulher casada, prisão sem efeito, pois quando souberam do ocorrido, acudiram os padres da Companhia de Jesus, conseguindo que fosse o usurário posto em liberdade.

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