Pernambuco e as capitanias do Norte (1530-1630) – Volume III

cuidam os homens e os mais vigorosos. Sob o morubixaba Janduí vive-se do seguinte modo, de manhã e de tarde, o chefe anuncia o que se tem de fazer durante o dia ou à noite, aonde se ha de ir, onde se deve estanciar, quando convém levantar de novo o acampamento. Quando vão partir, banham-se, após o banho esfregam o corpo com areia grossa, lavam-se outra vez e espreguiçam-se todos como para sacudir e afuguentar a molesa, estalando em forte tenção as articulações de todos os membros. Aquecendo-se ao fogo, do que gostam, raspam e coçam a pele com um pente de dentes de peixes como um raspador, até que, abertos os poros, tirem sangue. Dizem que assim se tornam bem dispostos para a jornada e que não se quebrantam de cansaço. Assentado o acampamento não longe da tenda do rei, dividem-se em dois bandos. Depois, escolhidos um de cada grupo, divertem-se carregando pequenas arvores e correndo. Os bandos seguem o vencedor. Cortam árvores que encontram e oravam os galhos e ramagens à beira dos rios para gozarem da sombra, que é o único abrigo contra o calor do meio dia para as crianças e os velhos. As mulheres, os serviçaes e os meninos amparam-se ali com os meios de transporte de bagagens e trastes. A sua alimentação é simples: frutos agrestes, caça fresca, peixes e mel, sem temperos, nem condimentos. As mulheres idosas e estéreis vão buscar as raízes de que se faz pão. As mulheres e jovens que moram com os homens trazem o amendoim para todos e preparam

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