Pernambuco e as capitanias do Norte (1530-1630) – Volume III

oleiro não querellar delle nem da ditta sua legitima molher de adulterio"(7), Nota do Autor no que se vê o destino do judeu de qualquer modo proceloso, tivesse ou não tivesse cão... A história, ademais, estava mal contada. Pelo contrário, queixou-se o marido ao ouvidor Jorge Camelo, dizendo que este por ser muito amigo do dito João Nunes "e lhe dever dinheiro e comerem e beberem juntos", não somente não quis receber a querela como ainda o pôs na cadeia e nela o deteve até que perdoasse a sua mulher, o que foi feito perante o tabelião Rui Lopes. Acrescentou que, ao cobrar-lhe conforme o ajustado, a mulher e os bens que ela possuía por ocasião do casamento, respondeu-lhe João Nunes com blasfêmias, dizendo que nem Jesus Cristo havia de obter semelhante devolução, disparate de que não houve testemunhas porque estavam "ambos soos". Ajuntou ainda a narrativa do pedreiro, que era fama "nesta terra", dispor João Nunes "quanto queria à sua vontade, e que assim a Justiça ecclesiastica como secular fazia tudo a seu mandado" sendo por isso considerado "muito poderoso, e ardiloso, e manhoso".

Participavam da campanha contra João Nunes até os parentes pobres, em que pese a lendária solidariedade dos hebreus. Ouvira Cristovam d'Altero no engenho de António Cavalcanti em Igarassu, um

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