Pernambuco e as capitanias do Norte (1530-1630) – Volume III

primo do onzeneiro, dizer "que ainda avia de fazer queimar ao ditto João Nunes", reconhecendo todavia Cristovam que, "no ditto tempo o ditto Jironimo Roiz estava em odio e inimizade com o ditto Joam Nunes". Outro denunciante, o "chantagista" Belchior Mendes de Asevedo, também acusava João Nunes com ânimo encarniçado, sequioso em vê-lo arder num auto de fé.

Já falamos no volume anterior neste indivíduo a respeito de Felipe Cavalcanti, e no rol das denúncias do Santo Ofício, não faltam indícios de que era vezeiro na prática de extorsões. Belchior fora galardoado com o cargo de procurador de índios, mas ao invés de cuidar dos pupilos, envolvia-se em escusas traficâncias de cativos, a corroborar pelo seu procedimento as censuras que os missionários levantavam contra os leigos quanto ao tráfico do gentio. Indivíduo de péssima fama, tinha mais culpas em cartório, entre outras a de impostor quando se dizia parente de inquisidores, a fim de extorquir dinheiro e dádivas de estranhos como o flamengo de alcunha o Maniquete. Retalhava a João Nunes, dizendo-o rabi de Pernambuco, com quem os correligionários se correspondiam pública ou secretamente, "e todos lhe tem muita obediencia e respeito", ou seja o contrário do que votavam ao outro, atirado na calda de açúcar. A amostra do depoimento do primo, e de outros suspeitos

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