Pernambuco e as capitanias do Norte (1530-1630) – Volume III

que farte que del Rei he a terra que nunca ninguem foi ao inferno por fornicar, as quaes palavras ouvio hua soo vez, e em lugar da pallavra fornicar, que aqui se escreveo, dixe a pallavra portuguez... deshonesta... e que lhe parece que. .. dixe as dittas pallavras gracejando por que he gracejador e fallador e ho tem por homem bom chirstão". Como vemos, nem motejos nem íntimas amizades, escapavam do enredo inquisitorial.

Na denúncia de Jorje Tomás surge mais uma vez o critério da mesa. Pedira o depoente aos inquisidores, "que por quanto isto avia muitos annos que acontecera pedia a elle senhor visitador lhe desse tempo pera cuidar bem e reformar sua memoria e examinar bem sua conciencia pello que o senhor visitador lhe encarregou muito que assim ho fizesse e que tornasse a esta mesa pera se escrever a verdade e a certeza do que em que elle se affirmar e bem lembrar". A denúncia de Sibaldo, ou Cibaldo Lins, contra o ourives cristão-novo Ruy Gomes, abona igualmente o critério dos inquiridores. Notara o bávaro que o judeu guardava os sábados, recusando-se fazer qualquer serviço neste dia da semana, alegando que era em honra de Nossa Senhora. Perguntaram os da mesa o costume, exigindo de Cibaldo segredo da denúncia, indagando ainda "se pagou elle sempre ao ditto ourives as obras que lhe fazia"...

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