"Foi-lhe mandado ter segredo", é a constante recomendação do visitador no fim dos depoimentos para que indiscrições e bisbilhotices, não empecessem a marcha dos inquéritos. Das indagações subsequentes e citações para depor, destinadas a corroborar os dizeres das primeiras testemunhas, decorriam as mais variadas notícias sobre os lugares por onde passava a inquisição. Já que falamos de João Nunes, cumpre agora tratarmos de outro judeu dos mais consideráveis do tempo. Entre os personagens que estiveram próximos do autor dos Dialogos, temos Bento Dias de Santiago, contratador dos dízimos, patrão de Ambrósio Fernandes Brandão, morador em Pernambuco antes de 1575, proprietário do engenho de Camaragibe. Mexericos propalavam que mantinha esnoga na sua fazenda, onde se reunia o judaísmo pernambucano, indício de que era mais reduzido do que se pensa. O sinal de ajuntamento como se porventura isto fosse preciso, porquanto as datas religiosas eram perfeitamente conhecidas dos fiéis israelitas - era o trapo atado no pé, do correligionário sandeu. O teor dessas afirmações, inçadas de tolices hoje fazem sorrir, mas no fim do século 16, num período de lutas religiosas, o alcance de qualquer invenção, por extravagante que fosse, tornava-se em extremo perigoso.
Entre os indiciados havia gente chegada nos alvores da capitania, companheiros de Duarte Coelho, na qualidade de técnicos da fabricação de açúcar.