Pernambuco e as capitanias do Norte (1530-1630) – Volume III

O Diogo Fernandes, de que trata a carta de Jerónimo de Albuquerque, foi provavelmente, dos judeus mais antigos, senão o mais antigo, dos que se estabeleceram no Brasil. A sua identidade não padece dúvidas, ao passo que o judaísmo atribuído a povoadores, como João Ramalho ou Caramurú, não resiste ao mais leve exame, ficando outros, como o Bacharel de Cananea, e seus genros, envoltos em confusões que não permitem afirmação alguma. A prosperidade da cultura da cana é que trouxe alguns conversos na esteira de Diogo Fernandes que ficaram em Olinda e redondezas, quando os índios ainda manifestavam veleidades de assaltar a vila.

Não sabemos se D. João III teria correspondido ao pedido do cunhado do donatário, ou se precisou Diogo viver da caridade alheia para se manter com a numerosa família. Supomos mais provável a segunda hipótese depois do gentio lhe queimar o primeiro engenho da terra. O monarca nem se dignava olhar para os governantes e menos acudiria a um ignoto cristão-novo, e, o que se conhece de positivo acerca de Diogo, é agregar-se ele a Bento Dias de Santiago, no engenho de sua propriedade.

A esposa de Diogo, de nome Branca Dias, era prima do contratador de dízimos, recomendação evidente para amparo da vítima do gentio, junto a correligionário opulento. É possível que a presença do casal, sortido de grande filharada, desse começo ao rumor que apregoava ser o engenho de Camaragibe

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